20/08/2005

O DESENCANTO




Para onde caminha Portugal, quando é a hipocrisia que nos governa??!!!

Todos nós, cidadãos, que procuramos estar mais ou menos atentos às pequenas realidades que nos rodeiam, temos, seguramente presente, aquela entrevista dada pelo Sr. Dr. Mário Soares, no verão de 2004, quando ele, referindo-se ao governo de então, presidido pelo Sr. Dr. Santana Lopes, afirmava “que a situação no País era de uma gravidade tal, que só não tinha já havido um outro 25 de Abril, porque Portugal estava inserido na Europa Comunitária”.
Pois bem, esse Senhor é hoje, novamente candidato a Presidente da Republica , será que mantém a mesma opinião de à um ano atrás?
A situação político-social é hoje tão ou mais grave, de instabilidade semelhante, a esse tempo.
Hoje, os militares viram-se obrigados a saírem à rua, para manifestar os seu descontentamento pela forma como os seus direitos contratuais estão a ser postos em causa, e inclusive, afirmaram ,de uma forma não peremptória, estar dispostos a pegar em armas.
Situação de tal forma critica, que o Sr. Presidente da Republica, Dr. Jorge Sampaio, se viu na obrigação de chamar a Belém, o 1º. Ministro, Eng. José Sócrates, o seu ministro da defesa e as altas chefias das Forças Armadas.
Para quem não tem a memória curta, um pouco antes do 25 de Abri de 1974, aconteceu a mesmíssima coisa. O Chefe de Estado de então, suspeitando de que algo se estava a passar no interior das Forças Armadas, não ao nível das chefias, porque essas eram da sua inteira confiança politica… chamou-os ao seu gabinete para se inteirar do que de facto se estava a passar.
Muito estranho… e demasiado coincidente, veja-se a resposta do ministro da tutela na altura quando se referia a um certo descontentamento por parte de alguns oficiais superiores e ao mau estar existente na classe dos oficiais milicianos: "Quem fala em nome dos militares é o Governo e as Chefias Militares"
Esta foi a mesmíssima expressão utilizada pelo ministro da Defesa, deste governo que se diz Socialista, referindo-se ao descontentamento militar actual . Por outras palavras, muito embora o 25 de Abril tenha sido à 30 anos, o que o Sr. Ministro da Defesa quis dizer foi: que quem manda, quem pensa e quem pode falar, são apenas estes senhores iluminados, os governantes e as suas "chefias militares" que, como nos tempos da ditadura e da guerra colonial, são exercidas pelo generalato da inteira confiança politica do Governo, os restantes milhares de seres pensantes, só pelo facto de serem militares, não têm que ter opinião, não têm que pensar, não têm que manifestar o seu descontentamento, são apenas meros executantes de tarefas menores, como por exemplo irem para as guerras dos Balcãs, Guiné, Angola, Timor, Afeganistão, etc. ou para onde muito bem os EUA entenderem.
Isto é : são tratados hoje, por um Poder que se diz democrático como o foram no passado : mera carne para canhão.
Senhor "iluminado", que hoje é ministro da defesa de um governo eleito democraticamente, suportado por um Partido que se diz Socialista, dizer ao País que tem todo o apoio das Chefias Militares ( que só são "chefias" porque são da vossa inteira confiança politica) para a efectivação das políticas de reformas nesse delicado sector da sociedade e apresentar isso, como se tivesse o apoio e o controlo das Forças Armadas , bastando para o facto ameaçar aqui e além alguns sectores militares com processos disciplinares, tentando-os amarrar às obrigações e deveres da sua condição ... se isso fosse assim tão linear, se fosse rigorosamente verdade, posso-lhe garantir com toda a certeza de que nunca teria existido o 25 de Abril ...e hoje, o senhor não se teria enganado, porque não seria ministro da defesa deste governo que se diz socialista.







Manuel Bancaleiro

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