A falta de respostas a muitas questões, que a humanidade ainda não conseguiu encontrar através de uma explicação cientifica, aliadas à ignorância , à falta de instrução e de conhecimento cientifico, leva a que milhões de pessoas se refugiem na religião.
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O conceito e a existência de Deus , (no meu caso, em que fui educado num país católico, do Deus único) nunca foi algo em que depositasse ao longo da vida muita fé.
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Embora em criança tenha sido educado , por força de um regime totalitário, segundo os principios da fé católica... a verdade é que, ao contrário de muitos dos meus amigos e colegas, nunca liguei muito à religião e à sua divindade.
A minha atitude resumia-se a um «se me dizem que foi Ele que criou tudo e tudo gira à sua volta e é feito à sua imagem, por mim achava que o tipo devia dormir demasiado ou andar distraido com outros afazeres»;
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Ou seja, não era sim nem não, era "nim", e dedicava-lhe uma indiferença total. É claro que nessa altura, tal como todos os outros, a minha capacidade para pensar e aplicar a minha razão e conhecimentos num assunto tão controverso era mínima, portanto só quando comecei a adquirir os conhecimentos mínimos necessários e a necessidade de obter certas respostas é que o assunto se revelou mais problemático.
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Como sempre fui e sou bastante materialista , pela dialéctica (talvez neste caso seja preferível dizer existencialista), a minha primeira dúvida acerca das divindades sobrenaturais passou pela minha incompreensão sobre o seu próprio aparecimento e consequente formação do Universo.
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Outra das minhas dúvidas dizia respeito às qualidades que supostamente Deus deveria apresentar, segundo os dogmas católicos: omnipotência, bondade, justiça e omnipresença.
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O problema, é que se o nosso planeta é assim, então há algo de muito errado no conceito de bondade e justiça...
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Enquanto não se encontra uma resposta cientifica para todas as questões, a minha "luta" é para que as pessoas pensem em tudo o que acreditam... e se a sua razão lhes der respostas válidas sobre o que acreditam, tanto melhor.
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Se tal não acontecer, ponham a hipótese de que aquilo que pensam ser uma verdade absoluta, poder ser completamente absurdo , em vez de se deixarem guiar cegamente pela religião.
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É que, por incrível que pareça, todos os livros que eu li até hoje seguem a seguinte regra: os que tentam desmistificar a religião fazendo uso da ciência e aplicando a lógica e a razão e os que, pelo contrário, a têm por verdadeira, usam apenas e só a fé, como se a crença em religiões fosse algo de irracional!
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E como , em meu entender, a fé é simplesmente preguiça mental, não entendo porque não usam os crentes na fé, a lógica e razão para provarem que estão certos.
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Bem, o facto é que até hoje nunca consegui encontrar um livro defensor de Deus/Jesus/Religião com propostas que não se baseassem apenas em fé...O essencial nisto tudo é PENSAR, em vez de aceitar cegamente tudo o que nos dizem que é divino.
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Até hoje, para além da História, que é fundamental para conhecer o ambiente em que surgiram os primeiros mitos e também a evolução da mentalidade humana ao longo da nossa evolução( nisto falarei mais á frente, quando referir os conceitos básicos sobre a evolução da humanidade).
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"O texto seguinte é um pequeno texto dedicado a todos os que não sofrem de preguiça mental, quer sejam crentes ou não em alguma entidade sobrenatural .
Longe de mim a intenção de poder ferir sencibilidades.
O que abaixo se transcreve á da autoria do pensador livre, que teve a sorte de ter nascido fora dos tempos da inquisição : ENRICO RIBONI, tem o poder da verdade histórico-cientifica... impossivel de apagar.
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Contra a verdade dificilmente se consegue encontrar argumentos.
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"A Página Negra do Cristianismo - 2000 Anos de Crimes, Terror e Repressão".
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"Acreditar num deus cruel, faz um homem cruel” Thomas Paine
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Há cerca de 2005 anos, nasceu na Galileia um fundador de uma seita, que acabaria por ser crucificado uns trinta anos mais tarde.
A seita que ele fundou tornou-se, com o passar dos anos, na maior de todos os tempos.
A seita que ele fundou tornou-se, com o passar dos anos, na maior de todos os tempos.
Ela acabou por tomar o poder político dentro do Império Romano, aboliu a liberdade de religião, depois juntou montanhas de cadáveres.
Os seus membros massacraram milhões e milhões de “infiéis”, “hereges”, “feiticeiras” e outros, depois matar-se-ão entre eles próprios, levando a Europa às guerras mais ferozes que ela conheceu até hoje.
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Com um passado destes bem poderia e deveria incitar à modéstia, mas os cristãos reivindicam o contrário, o monopólio da ética.
Proclamam que adoram o Deus único, que deus é “amor”, e consideram-se os melhores de toda humanidade.
É a única ideologia, capaz de dividir com o nazismo e o fundamentalismo islâmico o pódio dedicado às ideologias mais mortíferas da história humanidade.
O cristianismo mantém-se uma ideologia dominante em muitos países ocidentais.
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Ano 1º.
“Os deuses já não estavam, e Deus não tinha ainda chegado”
O Império Romano garantia a liberdade de culto. O ateísmo e a razão dominavam. É nessa época que surge um sujeito que, segundo dizem certos judeus, perdeu o juízo porque leu o Torah demasiadamente jovem.
Fundou uma seita que teve como objectivo único proibir o culto dos outros deuses, excepto o seu.
O culto da personalidade do fundador da seita atinge, nos cristãos, um nível que nem mesmo o estalinismo o virá a igualar.
O culto da personalidade do fundador da seita atinge, nos cristãos, um nível que nem mesmo o estalinismo o virá a igualar.
Foi proclamado “verdadeiro homem e verdadeiro Deus” (“Deus-Homem”, em linguagem comum). Os que ousaram duvidar disso foram proclamados imediatamente hereges, e sofreram mais tarde os raios da Inquisição. A partir do século IV da nossa era, começará o assassinato dos não-crentes pelos cristãos.
Anos 50-70
Foram os anos do desenvolvimento da seita Cristã .
Os textos gregos, escritos por membros dessa seita fora da Palestina (“Os evangelhos”) relatam a vida do fundador: nascido duma virgem, que se manteve virgem mesmo tendo vários outros filhos, ele terá sarado doentes, mas também amaldiçuou uma figueira que terá ficado instantaneamente seca, e fará precipitar num lago centenas de porcos que lhe não pertenciam .
A intolerância religiosa dos cristãos, que visaram abertamente, desde o início, impor uma interdição aos cultos de deuses que não o seu, o qual eles insistem ser o “único Deus”, começa logo a atrair a atenção da justiça romana, que defende a liberdade de culto, a qual é um dos pilares dessa sociedade complexa e multicultural que é o Império Romano dos primeiros séculos da nossa era.
Ano 312
Tomada do poder pelos cristãos.
No fim duma guerra civil, Constantino toma o poder. Pouco depois ele converte-se oficialmente ao cristianismo, e “autoriza”, num primeiro tempo, o culto do deus único cristão, pelo Édito de Milão: foi o início da perseguição religiosa na Europa.
Pouco a pouco o culto dos outros deuses, exceto o deus cristão, foi sendo proibido. Os santuários clássicos vão sendo destruídos ou transformados em igrejas cristãs.
No fim do século IV, não haverá mais nenhum templo pagão em toda a bacia do Mediterrâneo.
Ano de 380
O imperador Teodósio proclama oficialmente o Cristianismo a única “Religião de Estado”. Mas ainda será necessário esperar mais 12 anos para que todos os outros cultos sejam definitivamente proibidos.
Ano de 389
Teófilo, hoje Santo Teófilo, é nomeado patriarca de Alexandria e inicia imediatamente uma violenta campanha de destruição de todos os templos e santuários não-cristãos.
Deve-se a Teófilo a destruição, em Alexandria, dos templos de Mitríade e de Dionísio.
Essa loucura destruidora só virá a culminar em 391 com a destruição do templo de Serapis e da sua biblioteca.
As pedras dos santuários destruídos virão a ser usadas para edificar igrejas para a nova religião única : a cristã.
Em seguida e para demonstrar que ele é capaz de perseguir também cristãos (na medida em que eles não sejam 100% ortodoxos), Teófilo comanda pessoalmente as tropas que atacam e destroem os mosteiros que aderiram às idéias de Orígeno, um teólogo cristão que foi declarado herege porque afirmava que deus era puramente imaterial.
Ano de 389
Pela primeira vez, um chefe cristão dita a um imperador a política a ser seguida. Santo Ambrósio de Milão levanta-se em plena catedral e, com o sentido de caridade tão particular aos cristãos, impõe que o imperador anule a ordem que dera ao bispo de Calinicum, para que sobre o Eufrates, reconstruísse uma sinagoga que ele e a sua congregação tinham destruído.
A Igreja toma partido, assim, desde o princípio, dos incendiários de sinagogas, posição que continuará a manter até ao ano de 1940.
Foi nessa época que aconteceram na Germânia as primeiras execuções de hereges, uma bela tradição que a Igreja desenvolverá com a Inquisição e a perpetuará até 1826.
Ano de 391
Uma multidão de cristãos, guiados por Santo Atanásio e Santo Teófilo, deita abaixo o templo e a enorme estátua de Serapis, em Alexandria, duas obras-primas da antiguidade. A colecção de literatura do templo também é igualmente destruída.
Ano de 412
Cirilo, hoje Santo Cirilo, doutor da Igreja, é nomeado bispo de Alexandria e sucede ao seu tio Teófilo. Excita os sentimentos anti-semitas difundidos entre os cristãos da cidade e, à frente duma multidão de cristãos, incendeia as sinagogas da cidade e faz fugir os judeus. Em seguida encoraja os cristãos a tomar os bens dos fugitivos, que foram obrigados a deixá-los para trás.
Ano de 415
Hepatia, a última grande matemática da Escola de Alexandria, filha de Theon de Alexandria, é assassinada por uma multidão de monges cristãos, incitados por Cirilo, patriarca de Alexandria, que será depois canonizado pela Igreja.
O motivo dessa acção foi que a brilhante professora de matemática representava uma ameaça para a difusão do cristianismo pela sua defesa da Ciência e do Neoplatonismo. O facto de ela ser mulher, muito bela e carismática, fazia a sua existência ainda mais intolerável aos olhos dos cristãos.
A sua morte marcou uma reviravolta: após o seu assassinato, numerosos pesquisadores e filósofos trocaram Alexandria pela Índia e pela Pérsia.
Alexandria deixou assim de ser o grande centro de ensino das ciências do Mundo Antigo.
Além do mais, a Ciência retrocederá no Ocidente e não atingirá de novo um nível comparável ao da Alexandria antiga senão no início da Revolução Industrial. Os trabalhos da Escola de Alexandria sobre matemática, física e astronomia serão preservados, em parte, pelos árabes, persas, indianos e também chineses. O Ocidente, por outro lado, mergulha no obscurantismo, do qual começará a sair mais de um milênio depois.
Em reconhecimento pelos seus méritos de perseguidor da comunidade científica e dos judeus de Alexandria, Cirilo será canonizado e promovido a “Doutor da Igreja”, em 1882.
Em reconhecimento pelos seus méritos de perseguidor da comunidade científica e dos judeus de Alexandria, Cirilo será canonizado e promovido a “Doutor da Igreja”, em 1882.
Séculos V a XV
“Idade Média Cristã”
Aproveitando o desaparecimento das grandes bibliotecas romanas e na ausência quase total da atividade editorial na Europa, a Igreja obtém, de facto, um monopólio sobre o conjunto da escrita e da informação.
O povo é deixado propositadamente na ignorância, a leitura da Bíblia é desencorajada mesmo no caso de se ter acesso a um exemplar. Pouco a pouco, a Igreja impõe o seu domínio sobre a sociedade. A inquisição, o celibato dos padres ,o carácter obrigatório do casamento antes de qualquer relação sexual, são todas instituições que datam dessa época.
É também nessa época que se desenvolve o que se tornará uma das mais ricas tradições cristãs: queimar pessoas vivas. Cerca de um milhão de “bruxos” serão torrados durante a Idade Média.
É também nessa época que se desenvolve o que se tornará uma das mais ricas tradições cristãs: queimar pessoas vivas. Cerca de um milhão de “bruxos” serão torrados durante a Idade Média.
Séculos XI e XII
Em face do crescimento da população da Europa, a Igreja propõe um método de controle populacional “natural”: as cruzadas.
O apelo às cruzadas foi lançado em 1095. Em 1099 Jerusalém é “libertada”: logo que as tropas cruzadas entraram na cidade, o governador muçulmano rendeu-se sob a promessa da população civil ser poupada.
Claro, a totalidade da população (que compreende essencialmente judeus e muçulmanos) é passada pelas armas nas horas seguintes...mas com o cuidado de antes violentarem todas a mulheres e decapitar as crianças. Estima-se em cerca de 70.000 o número de civis massacrados.
A última fase do massacre passa-se nas sinagogas e mesquitas da cidade, onde os habitantes aterrorizados se refugiaram: pensaram que o carácter religioso dos locais podesse inspirar os piedosos cruzados à clemência. Nada disso aconteceu: os cruzados entram e transformam os locais de culto em vastas carnificinas. O massacre de milhares de civis amontoados na grande mesquita da esplanada do templo dura várias horas. “Tudo o que respira” na cidade foi morto, informam com orgulho os comandantes dos cruzados. Tudo isto em nome de um Deus único.
A última fase do massacre passa-se nas sinagogas e mesquitas da cidade, onde os habitantes aterrorizados se refugiaram: pensaram que o carácter religioso dos locais podesse inspirar os piedosos cruzados à clemência. Nada disso aconteceu: os cruzados entram e transformam os locais de culto em vastas carnificinas. O massacre de milhares de civis amontoados na grande mesquita da esplanada do templo dura várias horas. “Tudo o que respira” na cidade foi morto, informam com orgulho os comandantes dos cruzados. Tudo isto em nome de um Deus único.
Ano de 1231
Fundação da Inquisição. O Santo Ofício, durante toda a sua história, queimou mais de um milhão de pessoas, essencialmente hereges, judeus e muçulmanos convertidos e também os “bruxos”. A última feiticeira será queimada em 1788. O último “herege” chegará à sua vez em 1826.
A inquisição e os seus imitadores protestantes queimam também médicos e cientistas, desde que haja uma oportunidade.A Igreja nunca se arrependeu dos actos da Inquisição e até garantiu a continuidade histórica da instituição até aos nossos dias, limitando-se apenas a mudar-lhe o nome: será necessário esperar que Pio X, em 1906, faça que o “Santo Ofício da Inquisição” seja renomeado como “Santo Ofício”, e em 1965, para que seja rebatizado como “Congregação para a doutrina da fé”.
Enfim, em 1997, o papa abre os arquivos do Santo Ofício, e historiadores escolhidos a dedo são autorizados a fazer pesquisas.
As estimativas do número total de vítimas da inquisição são então revistas para cima, havendo um consenso que roda hoje em torno de um milhão e meio de pessoas executadas, ao qual é necessário acrescentar as inúmeras pessoas torturadas e com todos os seus bens apreendidos.
Ano de 1251
O papa Inocêncio IV autoriza enfim a inquisição a praticar a tortura. A obtenção das confissões de culpa é grandemente facilitada. A inquisição pode aplicar, com base em confissões arrancadas através de tortura, penas: indo duma simples oração ou dum jejum até à confiscação dos bens e mesmo prisão perpétua. Mas ela não pode condenar à morte. Com a subtileza característica da Igreja católica, a inquisição podia “passar” um herege para a justiça comum, que o levará à morte na fogueira, com base na confissão obtida pela Igreja, mesmo com tortura. Essa subtilidade permitirá à Igreja afirmar que ela nunca matou ninguém...
Ano de 1483
Tomás de Torquemada é nomeado Grande Inquisidor de Castela. Esse monge dominicano faz uma ampla utilização da tortura e da confiscação dos bens das vítimas. Estima-se em 20.000 o número de pessoas queimadas durante o seu mandato.
Ano de 1492
O rei “muito católico” e a rainha “muito católica” (títulos dados pelo papa em pessoa!) de Espanha, expulsam os judeus.
Eles podem escolher - em converterem-se, para então poderem ser justiçados pela inquisição (que queimará grande número deles) ou partir. Mais de 160.000 judeus saíram da Espanha.
A hierarquia católica não fica indiferente a essa medida duma crueldade assustadora: ela aprova a medida, e o papa encoraja os outros soberanos europeus a inspirarem-se no exemplo espanhol.
Em toda a Europa os padres católicos mobilizam-se para obrigar os governos a proibir a entrada dos judeus expulsos.Os judeus que escolheram converter-se são perseguidos pela inquisição com uma impressionante determinação: até ao século XVIII, far-se-á o “Teste da banha de porco” aos judeus convertidos e seus descendentes: uma salada com pedaços de carne e banha de porco é apresentada ao “convertido”.
Em toda a Europa os padres católicos mobilizam-se para obrigar os governos a proibir a entrada dos judeus expulsos.Os judeus que escolheram converter-se são perseguidos pela inquisição com uma impressionante determinação: até ao século XVIII, far-se-á o “Teste da banha de porco” aos judeus convertidos e seus descendentes: uma salada com pedaços de carne e banha de porco é apresentada ao “convertido”.
Se for notado que ele não comeu a carne suína, será queimado como “falso convertido”. Esse método será também aplicado aos muçulmanos e seus descendentes.
Se a expulsão dos judeus de Espanha foi a maior do gênero registrada na História, não foi a primeira. Na França, os prelados católicos tinham já conseguido a expulsão dos judeus em 1306, e que foi logo revogada, antes de ser confirmada em 1394. A Inglaterra já tinha procedido à expulsão em 1290. Em 1496, Portugal imita o seu poderoso vizinho, expulsando também os judeus.
Ano de 1499
Acontece neste ano o maior “auto da fé” que a História registra. Em um só auto de fé, o inquisidor Diego Rodrigues Lucero queima vivos nada menos que 107 judeus convertidos ao cristianismo, em Córdova.
Ano de 1506
“Pogrom” de Lisboa: 3000 judeus são trucidados pelos piedosos católicos, incitados pelos prelados.
Ano de 1527
Saque de Roma.
Os soldados protestantes massacram a totalidade da população de Roma, umas 40.000 almas, e pilham a cidade. O papa é salvo pelos guardas suíços. Ele fecha-se com eles no Castelo de Santo Ângelo, enquanto a população é massacrada. Ele passou um grande medo. Os suíços ganham assim uma fama profissional no estrangeiro, o que se perpetua até hoje.
Anos de 1566 a 1572
Pio V, papa. Este santo da Igreja católica vangloria-se publicamente diversas vezes de ter, durante a sua carreira de inquisidor, colocado fogo com suas próprias mãos em mais de 100 fogueiras de hereges que ele mesmo acusara, confundira e condenara.Publica também uma nova edição do catecismo oficial da Igreja, no qual o amor ao próximo e a misericórdia ocupam um lugar importante.
Ano de 1609
Expulsão dos mouros de Espanha. Depois da expulsão dos judeus de Espanha, a inquisição aborrecia-se um pouco nesse belo país.
Lança então a caça aos “morescos”, os árabes convertidos ao cristianismo. Há a suspeita de serem falsos convertidos e são executados todos os que se recusam a beber vinho ou comer carne de porco, ou que sejam limpos demais.
Com efeito, o Islamismo, contrariamente ao cristianismo, prescreve lavagens periódicas. A higiene nunca foi tão perigosa como no séc. XVI em Espanha! Enfim, em 1609, temendo talvez ter deixado passar alguns falsos convertidos, a inquisição consegue do rei a expulsão dos “morescos” para o Norte da África. O número dos expulsos é mal conhecido: as estimativas variam entre 300.000 e 3.000.000. Os expulsos chegam a terras islâmicas, onde o Corão prevê a pena de morte para os que renegaram Mahomé...
Ano de 1633
Processo de Galileu
Por ter duvidado da teoria geocêntrica de Ptolomeu, (que, diga-se de passagem, não era cristão), Galileo Galilei é obrigado a retratar-se: são-lhe mostrados os instrumentos de tortura que seriam usados se ele insistisse. O processo de Galileu só foi reaberto para revisão pelo papa João Paulo II, e Galileu é reabilitado em 1992.As suas obras já tinham sido colocadas no Índex em 1616. Passará o resto da sua vida confinado na sua casa (prisão domiciliar). Foi a sua reputação internacional de cientista que lhe evitou conseqüências mais graves.
Ano de 1788
No Cantão de Glaris, na Suíça, a última bruxa foi queimada.Esta execução da Inquisição não foi a última, e continuará queimando hereges até 1826.
Ano de 1793
Kant, professor de Filosofia em Konigsberg e estrela internacional da filosofia moderna, depois da publicação da “Crítica da Razão Pura”, publica “A religião nos limites da Razão”, onde ele coloca as doutrinas cristãs à prova do raciocínio e do “imperativo categórico”. É demais para os piedosos reis da Prússia, que empurrados pelos prelados protestantes, intervém e Kant é forçado a retratar-se publicamente, sob pena de perder imediatamente o seu posto na universidade de Konigsberg. Todos os professores universitários são obrigados a assinar, sob pena de dispensa imediata, um documento onde prometem não citar os ensinamentos de Kant com relação à religião. Como no caso de Galileu, a fama internacional de Kant o salva de conseqüências mais severas. Kant ainda pensa em se exilar, mas neste fim de século, há poucos céus clementes para pensadores que ousaram criticar aspectos da ideologia cristã. Assim acabará os seus dias em Konigsberg.
Ano de 1826
O último herege é queimado vivo pela inquisição espanhola. Uma rica tradição cristã termina. Daí para a frente, a Igreja recorrerá a meios mais sutis para matar, como proibir a assistência a mulheres que devem abortar, sabotando o planejamento familiar nos países pobres, proibindo os preservativos como modo de lutar contra a Sida, etc.
Ano de 1871
O papa excomunga todo aquele que participar de qualquer eleição do estado italiano, que é classificado como “diabólico”, porque retirou aos papas o seu poder temporal. Essa sentença de excomunhão automática não impedirá o papa de abençoar, alguns anos depois, a fundação do “Partito populare”, de inspiração católica e fundado por um padre.
Ano de 1881
Os “Pogroms” russos começam. Incitados pelos prelados ortodoxos, que difundiram um boato que o Czar Alexandre II teria sido assassinado por um judeu, multidões se juntam em mais de 200 cidades russas e destroem os bens dos judeus. Os pogroms tornar-se-ão comuns na piedosa Rússia Czarista, sobretudo entre 1908 e 1917. O mais violento dentre eles teve lugar em Kishinev, em 1913: as autoridades civis e religiosas da cidade incitam a multidão que ataca violentamente os judeus. Durante dois dias a multidão mata 45 judeus, fere 600 e pilha 1500 casas. Claro que os responsáveis (popes e políticos) nunca serão incomodados pela justiça.
Anos de 1918 a 1945
Os anos do compromisso. A Igreja católica apóia ativamente o crescimento dos totalitarismos na Europa. Na Áustria, o seu apoio ao Austro-Fascismo é total. Na Itália, ela assina com o regime fascista uma concordata que faz do catolicismo a religião de estado: os italianos podem de novo votar sem serem excomungados, pena que isso de pouco serve em período de ditadura.
A Igreja sacrifica em grande parte as suas próprias associações: todas, exceto a Acção Católica, devem integrar as organizações fascistas.
O Vaticano promete a Mussolini de fazer com que a Acção Católica não se deixe tentar por acções antifascistas. Em 1929, Mussolini, depois de ter assinado a concordata dita “Patti Lateranensi”, é qualificado pelo papa como “o homem da providência”.
Em 1932, o ditador recebe das mãos do papa a Ordem da Espora de Ouro, que é a mais alta distinção concedida pelo Estado do Vaticano.
Essa bela harmonia vai resistir mesmo ao momento de tensão causado pela estátua de Giordano Bruno. O papa aproveita a concordata para pedir ao seu amigo ditador que destrua a estátua erigida em 1889. O ditador, que tem um filho com o nome de Bruno, toma a defesa do livre-pensador e declara à Câmara de Deputados que “A estátua de Giordano Bruno, melancólica como o destino desse monge, ficará onde ela está.
Ano de 1948
O papa declara que todo aquele que votar nos comunistas ou que ajudar esse partido de qualquer maneira será automaticamente excomungado. Essa medida divide as famílias, provoca exclusões socialmente intoleráveis para muitos e obriga à clandestinidade de numerosos comunistas nas zonas rurais.
Os curas italianos apressaram-se a traduzir essa decisão em factos, e pedem que as suas ovelhas votem no grande partido anticomunista (DC – Democrazia Cristiana). O partido DC vai-se afundar logo em seguida na corrupção generalizada nos anos 90.
Anos 80
Depois de um período de aparente liberalização, o papa João Paulo II chega à cabeça da maior seita do mundo e rende-se às mais terríveis tradições da Igreja.
A sua condenação do preservativo, como modo de luta contra a Aids-Sida, provoca um grande número de mortos, difícil de estimar. Pratica uma política activa de sabotagem às medidas de controle da natalidade no terceiro mundo. As conseqüências são difíceis de contabilizar, mas podem ser medidas em termos de fome, miséria, criminalidade e falta de assistência médica nos continentes mais pobres – América do Sul e África.
Na sua caça aos hereges, o papa suspende “A divinis”, dois teólogos alemães que tinham ousado duvidar, um da infalibilidade papal, e outro da imaculada concepção de Maria.
Anos 90
Guerras de religião na Iugoslávia
A Iugoslávia era, nos anos 80, uma das terras favoritas para férias balneares dos europeus. A publicidade iugoslava da época vendia o caráter multireligioso do país como um argumento turístico, pois se podia ver em Mostar e em outras belas cidades as mesquitas e as igrejas lado a lado. Mas o país se afundou numa série de guerras civis que se querem descrever como guerras “étnicas”, quando na verdade se tratam de guerras religiosas. O caso da guerra da Croácia é o mais flagrante. Sérvios e croatas têm a mesma origem étnica e até a mesma língua, o Croata-servo. O mais irônico é que o croata-servo (servo-croata, escrito em caracteres latinos), é hoje a língua oficial dos soldados do exército Iugoslavo que combateu em Kosovo contra a OTAN, depois de ter lutado contra os croatas no início dos anos 90. Mas a religião separa os croatas dos Sérvios: os croatas foram cristianizados por Roma e são católicos. Os sérvios foram cristianizados pelos bizantinos e são ortodoxos. Quando Milosevitch começa a agitar o espectro da “Grande Sérvia”, a Croácia declara a independência. Imediatamente o Vaticano e a R. F. da Alemanha, cujo chanceler se declarava um católico convicto, reconhecem a Croácia católica como estado independente. O Vaticano mandou para todo o mundo anúncios para que os países reconhecessem o novo estado católico. O papa multiplica os apelos, as preces e as missas pela independência da Croácia. Durante esse tempo, o ditador croata, antigo oficial superior do regime comunista e também católico praticante, deu férias para todos os seus funcionários ortodoxos, isto é, sérvios. Depois escolheu como bandeira nacional a antiga insígnia dos Oustachis, que entre 1940 e 44 tinham praticado um genocídio de cerca de 600.000 sérvios. A guerra civil iniciou-se.Finalmente termina essa guerra, e o papa beatifica o cardeal Stepinac que havia qualificado Ante Palevitc, o ditador Oustachi durante a ocupação de 1940/44, de “Dom de deus”, para a Croácia e o havia apoiado ativamente.A guerra da Iugoslávia continuou depois na Bósnia, onde os membros dos três grupos religiosos (ortodoxos, muçulmanos e católicos) se enfrentaram em uma série de combates triangulares, tendo a população civil como a principal vítima. Depois a guerra passou para o Kosovo, província agrícola sem interesse estratégico, e todos sabemos o que se passou.As guerras da Iugoslávia são um caso emblemático da catastrófica intolerância que é típica das religiões “reveladas”: as comunidades religiosas se enfrentam, neste final de século, em nome de religiões que elas receberam dos acasos da expansão dos diversos impérios (Romano, Bizantino e Otomano) desde a idade-média.***O encencial de tudo isto que acabou de ler é fazê-lo PENSAR, em vez de aceitar tudo como um dado adequerido
Manuel Bancaleiro
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