09/09/2006

TERRORISMO - O FLAGELO DO MEDO

Capitulo I

Terrorismo. Que fenómeno é esse, que a todos amedronta??!!Que faz com tenhamos que alterar os nossos hábitos de vida, os nossos comportamentos sociais e nos obriga, a desenvolver em nós, de forma inconsciente, comportamentos xenófobos e raciais.

Durante a última década a humanidade foi estupidamente manipulada com a questão sempre repugnante do terrorismo com o objectivo único de fazer prevalecer os interesses instalados nos quatro cantos do mundo da super-potência mundial, auto-intitulada polícia do mundo: os Estados Unidos da América. Isto não é anti-americanismo. São factos.Mas, para que melhor possamos compreender este fenómeno, é de todo importante ter alguns conhecimentos sociológicos referentes à forma como a humanidade evoluiu ao longo dos tempos, sobre o ponto de vista histórico-social.

Se recuarmos nos tempos, fazendo uma breve retrospectiva histórica, podemos verificar que actos de terrorismo estiveram sempre presentes desde o início da nossa civilização:

- Foi assim :

· Nos tempos das invasões do Império Romano, nomeadamente com os imperadores, César Augusto e Júlio César ;

·Com a expansão do Islão no Médio Oriente, no Norte de África e em parte da Europa a partir do século VII, onde foi aí invocado pela primeira vez os princípios da Guerra Santa “ jihad ” , com o objectivo de converter os infiéis à nova ordem religiosa. O Império Bizantino sucumbiu à força do Islão. Entramos na época Otomana, após cerca de quatro séculos de lutas;

·A Idade Média, foi bastante pródiga em actos de terrorismo, praticados pelo fundamentalismo religioso : tanto Cristão como Muçulmano. Imperava a intolerância religiosa, levando a cabo os mais repugnantes actos de terrorismo através do poder instituído, quer seja, de um Estado Teocrático ou Pseudo-Teocrático ou através da própria ordem religiosa;

.Com as Cruzadas ocorridas durante os Séculos XII e XIII;


·Com a Santa Inquisição e os vergonhosos Actos de Fé;


·Com os sistemas ditatoriais de Benito Mussolini, Adolf Hitler, Josef Estaline, Francisco Franco, António de Oliveira Salazar, Augusto Pinochet, Kim Jong-il e tantos, tantos outros.

CAPITULO II

Para que possamos ter um sentido critico, sobre o que deve ser considerado um acto terrorista e o que de todo, não deve ser considerado, por forma a que não nos deixemos manipular, é importante analisarmos as inúmeras definições sobre TERRORISMO em que muitas dessas definições tem como único objectivo confundir de forma propositada o acto terrorista em si, com as acções de lutas por ideais legítimos de libertação e de independência dos Povos.
Vejamos, em Portugal nos tempos da guerra colonial, os nossos jovens eram educados e militarmente preparados, para combater os “Turras” nas ex-colónias. Pois bem, quem eram esses que o Estado Português chamava de terroristas? Não eram mais nem menos, do que os movimentos populares de libertação, que lutavam pelo fim do colonialismo, pela autodeterminação e pela independência desses povos. ISSO É TERRORISMO?

Ao nível interno, segundo o poder instituído também havia actividade terrorista que tinha que ser ferozmente combatida. Quem eram esses terroristas? ( só alguns exemplos: Francisco Miguel; Edmundo Pedro; José Dias Coelho; Virgílio de Sousa ;Tomás Aquino; Manuel Barbosa dos Reis; Guilherme da Costa Carvalho; Joaquim de Sousa Teixeira; Josué Martins Romão; Sérgio Vilarigues; José Barata Júnior; Catarina Eufémia; Armando Ramos; Aurélio Dias; Alfredo Ruas; Américo Gomes; Manuel Vieira Tomé; Júlio Pinto; Ferreira de Abreu; Alfredo Caldeira; Fernando Alcobia; Sofia Oliveira Ferreira; Georgette Oliveira Ferreira; Bento António Gonçalves; Damásio Martins Pereira; Fernando Óscar Gaspar; António de Jesus Branco ; Humberto Delgado e tantos, tantos outros…

Foi graças a estes “terroristas” que hoje tenho a liberdade de escrever neste Blog. A eles, ficar-lhes-ei eternamente grato.

O mundo ocidental, trata os movimentos revolucionários e de libertação, como movimentos terroristas. Porquê? Porquê comparar a O.L.P. (Organização para a Libertação da Palestina ) com a Al Qaida de Osama Bin Laden . Quem são de facto os terroristas naquela região do globo? Os palestinos a quem foi roubada a Pátria, ou o estado de Israel, que teima fazer tábua rasa das decisões da ONU quanto às regiões ilegalmente por eles ocupadas: a Faixa de Gaza a Cisjordânia , e a Península do Sinai ?

Quem é que de facto naquela região pratica o terrorismo: A Palestina? O Líbano? A Síria?. A Jordânia? Ou Israel?

Faça uma retrospectiva aos acontecimentos recentes no Médio Oriente e obterá a resposta.


CAPITULO III


Infelizmente o terrorismo ganhou uma dimensão inédita neste início de século. Hoje, esse fenómeno deixou de ter fronteiras, credos, questões étnicas ou culturais e passou a ser ponto obrigatório na agenda das relações internacionais entre os Estados. Quais os motivos? Quais as causas que levaram à radicalizarão extremista de certos movimentos e/ou grupos político-religioso de países do terceiro mundo, nomeadamente de religião islâmica ?

Hoje o mundo, ao contrário daquilo que dizem os “fazedores de opinião”, não está mais seguro do que nos tempos da “guerra-fria”. Nesse tempo, existia uma correlação de forças internacionais, entre os dois blocos, em que muito dificilmente as organizações terroristas conseguiam singrar, ( não me estou a referir ao terrorismo de estado – sobre isso escreverei mais adiante ) muito embora, tenha sido durante esse período que decorreu todo o processo de incubação das redes terroristas. Quem era Osama Bin Laden nessa altura? Quem lhes deu a formação técnica militar e os respectivos apoios bélicos e logísticos? Nesse tempo, porque não era considerado um terrorista? Não o era, pelo simples facto de ser um aliado americano. Estranho conceito de terrorismo. O mesmo se pode dizer quanto ao apoio às Brigadas Vermelhas, à ETA ou ao IRA, etc.Hoje, uma das grandes causas que fomenta a aliciam ao recrutamento terrorista é hegemonia politica existente no mundo, é o facto de existir uma única super-potência bélica, que se diz e quer dono do mundo e que não possui grandes tradições democráticas.

Todo o acto terrorista deve ser profundamente condenável, não há terrorismo bom, nem terrorismo mau. Venha ele de onde vier e como vier, é sempre repugnante, porque provoca única e exclusivamente vítimas inocentes.

Todos, temos presente os tristes acontecimentos de 11 de Setembro de 2001 do World Trade Center (2.829 mortos ); ou os atentados de 11 de Março de 2004 aos comboios em Madrid (192 mortos ).

Vítimas inocentes…apenas vítimas inocentes. É revoltante. É a única face que o terrorismo consegue mostrar.

Porém, esta globalização, esta hegemonia politica e económica mundial, condena à morte, através da fome, em cada minuto que passa, 21 crianças até aos 5 anos. Repito por cada minuto que passa morrem vinte e uma crianças à fome.

E então, fazendo as contas, teremos por cada hora : 1.260 crianças mortas; por cada dia : 30.240 ; por cada mês 907.200; por cada ano : cerca de 10.886.400 .


Quase onze milhões de crianças até aos cinco anos são anualmente condenadas à morte através da fome , por esta globalização, por esta hegemonia mundial.


E isso é o quê?

Não é terrorismo?


A prisão de Guantánamo é o quê?

Os voos secretos da CIA transportando, não se sabe quem, é o quê?


A invasão de um estado soberano com um falso pretexto de possuir arma de destruição maciça, isso é o quê?


Eu respondo : - PURO TERRORISMO!!!


PRESERVAR A MEMÓRIA HISTÓRICA É UM ACTO DE INTELIGÊNCIA, DE LIBERDADE, É A FORMA DE GARANTIR UM FUTURO MAIS JUSTO E MAIS HUMANO.

NÃO TE DEIXES MANIPULAR !!!

Manuel Neves Bancaleiro

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